Modelo de Aprendizagem Organizacional

Fev 17, 2022

Você pode estar olhando para esses círculos e se perguntando: como será que eles funcionam na aprendizagem organizacional? Foi a partir desse esquema, criado no doutorado em Ciência da Informação e Gestão do Conhecimento, que implantei uma estrutura de Modelo de Aprendizagem Organizacional Contínua (MAC) na 5ª Vara da Seção Judiciária Federal de Brasília. Apresento aqui parte do case e do modelo para que outras organizações tenham acesso.

O modelo visa fornecer e operacionalizar estratégias e práticas de otimização da capacidade organizacional, por meio da potencialização da capacidade dos envolvidos nas redes de compromissos conversacionais (e, consequentemente, das organizações) observarem, refletirem e gerenciarem as variáveis que orientam as conversas por meio das quais ações são coordenadas e resultados são alcançados.

A figura a seguir representa o Modelo de Aprendizagem Organizacional Contínua (MAC) implantado:

Dentre os assuntos desenvolvidos durante o processo de implantação do MAC, destaco o primeiro grupo de variáveis trabalhado com as equipes:

  • Aproveitamento e compartilhamento de conhecimentos: Trata do processo de internalização, socialização, aproveitamento e aplicação de conhecimentos e obtenção de resultados nas redes de compromissos conversacionais (espaços relacionais em que as equipes atuam).
  • Falar e escutar efetivos: Ao capacitar as pessoas a usar conscientemente as palavras para articular compromissos e invocar uma coordenação efetiva de suas ações, é possível reduzir os mal-entendidos e os erros que impedem que muitas organizações percebam seu potencial. A questão é quão competentes somos para falar de maneira tal a “garantir” que quando falamos somos escutados? E mais, quão competente somos para escutar o que os demais nos dizem?
  • Pedidos, ofertas e promessas: Fazer uma promessa é fazer um pedido ou uma oferta em conjunto com uma declaração de aceitação da outra pessoa. Além disso, quando prometo me comprometo com a sinceridade da promessa e com a competência para satisfazer as condições estabelecidas para seu cumprimento. Promessas permitem coordenações de ações e, por isso, ampliam a capacidade de ação a partir da coordenação de ação com os outros. De forma resumida, a promessas: funcionam dentro de um espaço declarativo; permitem-nos coordenar ações com os outros; e implicam em compromisso manifesto mútuo. Independentemente da língua que falamos (inglês, alemão ou chinês), todos fazemos promessas. O ato de prometer é universal e constitutivo dos seres humanos.
  • Fundamentação de juízos: Ao fazermos juízos, usamos no presente as experiências do passado para nos guiar no futuro. Por isso, os juízos funcionam como bússolas para o futuro. De forma resumida: fazem referências ao passado; influenciam o futuro; fazem uso de afirmações; e têm sua eficácia social na autoridade de quem os faz.
  • Desenvolvimento de diferentes conversações: No dia a dia, as pessoas geralmente não param para refletir sobre como as conversas que estão realizando colaboram para a construção de ações com outras pessoas, grupos ou organizações. Elas simplesmente trabalham dentro de redes de compromissos, alimentadas por diferentes tipos conversas, integradas a outras redes de compromissos que, juntas, compõem espaços relacionais cada vez mais complexos. Entretanto, o desenvolvimento de uma conversa, mesmo que de forma inconsciente, requer a seleção de um certo conjunto finito de possibilidades de ações. Trata-se de uma dança que dá a cada parceiro algum nível de iniciativa em uma sequência de atos de fala que culminam em diferentes tipos de compromissos.
  • Criação de espaços emocionais expansivos: As emoções são muitas vezes colocadas em um espaço confuso e tratadas de diferentes formas em diferentes contextos e culturas. Todavia, nós seres humanos somos “animais que vivem na emoção”. O humano se constitui no entrelaçamento do emocional com o racional e as emoções não obscurecem a capacidade humana de entendimento, não restringem sua razão. Ao contrário, o fundamento emocional do racional é exatamente sua condição de possibilidade.

Este último ponto talvez seja o mais importante de todos. Isso porque são as emoções que vão mover ou paralisar as pessoas. São as emoções que afetam seu desempenho, contribuem para definir o que é possível ou impossível para cada uma, contagiam naturalmente umas às outras, fluem de um estado a outro, vinculam-se ao tempo e ao espaço e manifestam-se em cada pessoa com um repertório emocional particular.

Como afirmou Maturana (2002) em seu livro “Emoções e Linguagem na Educação e na Política”:

 “Se queremos entender as ações humanas não temos que observar o movimento ou o ato como uma operação particular, mas a emoção que o possibilita” (p.92).

O trabalho realizado durante a estruturação e aplicação do modelo propôs um mergulho profundo no universo das conversações para melhor compreender e, possivelmente, intervir na dinâmica de funcionamento das organizações.

O modelo estruturado, aplicado e validado foi implantado na 5ª Vara SJDF, mas pode ser implantado em qualquer tipo de organização (formal, informal, pública ou privada). Este post conta apenas sobre um pedacinho do que foi desenvolvido.

Se você gostou desse conteúdo e deseja saber mais a respeito de toda a base conceitual que fundamenta o modelo (MAC), a metodologia utilizada, a prática vivenciada e os resultados obtidos, acesse: https://repositorio.unb.br/handle/10482/41158 ou entre em contato e vamos conversar!

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